Regra número um na procura pelo melhor capuccino de São Paulo: não diga a palavra "capuccino". Ela pode confundir o atendente e frustrar o cliente, resultando em um café aguado com o sabor de comida de avião. Ou pior: no fundo da xícara, você encontrará uma meleca de chocolate com sabor canela. Para não errar, peça um café com leite espumado.
No Mercado Municipal, o Mercadão, fica a Padaria Paulistana. Uma caótica aglomeração de salames e mortadelas descomunais confere a essa padaria/café/delicatessen uma decoração incomum. Os eficientes garçons contrastam com o serviço das padarias mais tradicionais: as mesas são atendidas por jovens sorridentes, com cabelos coloridos e braços tatuados. Dida, o barista, revela o ritmo de trabalho: "É 666, o número da besta"– 6 dias por semana, das 6h da manhã às 6h da tarde. "Apenas jovens têm forças para tanto", diz ele.
Sob a luz filtrada pelo mágico vitral representando a vida rural dos anos 1920, criado por Conrado Sorgenicht, artista de origem alemã, Dida decora cuidadosamente seus cafés, desenhando sobre a espuma folhas outonais, corações e figuras geométricas com sabor de caramelo. O mercado está sempre lotado, com pessoas de todos os tipos, de donas de casa fazendo compras a turistas asiáticos, com suas inseparáveis câmeras fotográficas, e hordas de crianças fazendo pesquisas escolares sobre a história da cidade. Mas Dida mal tira os olhos da máquina de espresso, entretido com suas criações.